segunda-feira, março 24, 2008

Para compreender melhor a crise do Subprime

Sendo eu um leigo em Economia, é sempre bom quando alguém resume as evoluções macroeconómicas actuais de forma simples. E nenhum problema económico é tão actual como a crise do Subprime, que afecta não só as famílias americanas como as famílias do resto do mundo, como explicam no Diário de Notícias:

Como é que a decisão da família Smith de comprar uma casa, no interior dos EUA, com recurso ao crédito, afecta a vida da família Santos, em Lisboa, que acabou de colocar todas as suas poupanças num fundo de acções com taxas de rentabilidade de dois dígitos?

Tudo começou no final da década de 90. As famílias de baixo rendimento nos EUA perceberam que era possível comprar casa pela primeira vez, tendo em conta os baixos preços das habitações, na sequência do boom imobiliário do início da década. Para responder a essa ambição, as empresas de crédito especializado - sem paralelo no sistema financeiro europeu - disponibilizaram empréstimos com juros baixos nos primeiros anos (e uma subida forte nos anos seguintes). Nascia o subprime.

A convicção das duas partes sobre o sucesso do negócio - a tal ponto, que nem eram exigidas garantias - tinha por base não só as taxas de juros de referência (que a Reserva Federal de Alan Greenspan manteve baixas durante anos para estimular a economia depois do rebentamento da 'bolha tecnológica' de 2000), mas também a ideia de que o preço das casas só tinha um caminho: subir.

Foi nesse período que se deu a globalização do problema. Os bancos de investimento começaram a comprar esses créditos aos pedaços, embrulhados em complexos produtos derivados. A sede pela rentabilização dos investimentos era grande, não só porque as taxas de juro estavam baixas, mas também devido à forte queda das acções depois da 'bolha' rebentar. Os bancos norte-americanos compraram os créditos e venderam-nos a bancos de todo o mundo. Foi aqui que a regulação do sector financeiro falhou, não acompanhando a inovação dos instrumentos com controlos mais rigorosos.

Durante algum tempo, parecia que todos estavam a ganhar. Até que o sector imobiliário dos EUA deixou de crescer. A intensa construção de casas já não tinha resposta na procura. Os preços deixaram de subir e rapidamente inverteram a escalada. Em paralelo, os juros começaram a subir, acompanhando a recuperação económica. E, no ano passado, começaram a chegar os períodos de juros mais altos dos créditos subprime. Como não havia garantias nem fiadores, milhares de famílias deixaram de poder pagar as prestações. E a única garantia - o valor das casas - estava muito abaixo do valor do crédito.

Dá-se o efeito dominó. As casas ficaram vazias, as empresas do subprime faliram e os créditos "evaporam". Com eles, evaporou-se também o valor dos produtos que enchiam as carteiras dos grandes bancos mundiais. Até agora, a factura já vai nos 200 mil milhões de dólares (ver caixa). Mas os bancos não querem emprestar dinheiro a ninguém, enquanto não sair todo o "ar" que ainda pode estar no sistema. As Euribor sobem, as bolsas afundam e as matérias-primas disparam, a economia desacelera e, agora, o problema da família Smith já passou a ser um problema da família Santos.

domingo, março 02, 2008

Kosovo

A discussão sobre o Kosovo é complicada, mas de forma geral resume-se a um jogo de poder entre os vários intervenientes internacionais, nomeadamente os EUA e a Rússia. Esta é uma entrevista interessante do Público a um professor da Universidade do Porto, Milan Rados Radenovic, que reflete bem a situação político-militar daquela área específica dos Balcãs mas também o estado de espírito da população sérvia, representado no próprio entrevistado.
A ler.