sábado, abril 28, 2012

Velas

Há quase uma década atrás, iniciou-se um blog no qual um grupo de estudantes de Direito exauria a sua verborreia e tentava aplacar as frustrações do estudo universitário.
Chamava-se Deletério.
Vários prosadores talentosos escreveram no mural deste blog (adequadamente deixado a preto) sobre todos os temas e frequentemente sobre nenhum em particular.
Mas havia um poema especial sobre o povo Português, que eu nunca esqueci.


Velas



O que nós somos é duas terras distantes
cujos autóctones sentem uma
como que saudade
uma como que vertigem
saudade vertigem
de uma terra distante e ignorada
somos o nosso recíproco Oriente,
compreendes?, Oriente.
E há aquele período áureo
expansionista
a transbordar de aventura
de sol
que nos faz desfraldar velas
enfuná-las pandas
partir para as moradas longínquas
onde só chegou o vento
e de onde vêm as tempestades assombrosas
e os sobejos do mar.

Supondo que lá longe
no Oriente
está a identidade
a ventura
e o nome
e o ensejo para mais viagens.
Assim, mão no cordame
pé no cabrestante
e olhos no horizonte
a provar do vêntulo e das estrelas
«Havemos de lá chegar, chiça!»



Curvo


segunda-feira, abril 09, 2012